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Por Lucimara Nardi Comunello, farmacêutica CRF-RS 16378
Para entendermos a relação entre cosméticos e as alergias de pele, é preciso, primeiramente, compreender o que são essas alergias. Elas podem ser classificadas em dois tipos de dermatite de contato. A dermatite de contato irritativa costuma ocorrer imediatamente após o contato com determinada substância, capaz de ativar a imunidade inata da pele. Já a dermatite de contato alérgica requer a ativação da imunidade adquirida antígeno-específica, após o contato repetido da pele com substâncias químicas não proteicas, denominadas haptenos, levando à ativação de células T efetoras que resultam em inflamação cutânea, caracterizada por eritema, pápulas e vesículas, seguidas de ressecamento e descamação.
Cosméticos e produtos de higiene utilizados na pele são as principais causas de dermatite de contato, segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI). As substâncias mais conhecidas por causar reações cutâneas são organizadas em baterias para teste de contato (patch test), utilizado por médicos alergistas e dermatologistas no diagnóstico dessa condição. Existem diversas baterias, como Padrão, Latino-Americana, Regional, Cosméticos, Capilar, Unhas, Medicamentos, entre outras, e o médico escolhe quais substâncias testar de acordo com a necessidade e o histórico de cada paciente.
Com o diagnóstico realizado e conhecendo-se as substâncias responsáveis pelas reações, é fundamental analisar criteriosamente os produtos utilizados pelo paciente, visando à exclusão total do alérgeno e de substâncias com potencial de reação cruzada. E é justamente aqui que reside a grande dificuldade na orientação completa desses pacientes e na obtenção de um desfecho realmente eficaz no tratamento e acompanhamento. Um trabalho em equipe, multidisciplinar, é essencial para que esses pacientes obtenham um resultado satisfatório desde o diagnóstico até a escolha de produtos seguros para uso contínuo.
• Hennino, A., Vocanson, M., Chavagnac, C., Saint-Mezard, P., Dubois, B., Kaiserlian, D., & Nicolas, J.-F.. (2005). Fisiopatologia da dermatite de contato alérgica: papel das células T CD8 efetoras e das células T CD4 regulatórias. Anais Brasileiros De Dermatologia, 80(4), 335–347. https://doi.org/10.1590/S0365-05962005000400003
• Martins LE, Reis VM. Immunopathology of allergic contact dermatitis. An Bras Dermatol. 2011 May-Jun;86(3):419-33. English, Portuguese. doi: 10.1590/s0365-05962011000300001. PMID: 21738956.
• https://asbai.org.br